terça-feira, 10 de junho de 2008

As Trinta e Seis Estratégias


Capítulo 1 – Estratégias vencedoras

1- Enganar o céu para atravessar o oceano

Movimentar-se na escuridão e nas sombras, ocupar lugares isolados ou esconder-se só vai atrair a atenção e a suspeita. Para baixar a guarda de um inimigo deve-se agir em campo aberto e disfarçar as verdadeiras intenções atrás das atividades comuns do dia-a-dia.

2- Assediar Wei para salvar Zhao

Quando o inimigo é demasiado forte para se atacar frontalmente, então deve-se atacar algo que é precioso para ele. Fica a saber que ele não pode ser superior em todas as coisas, algures, há uma falha na armadura, uma fraqueza que pode ser atacada em alternativa.

3- Matar com uma faca emprestada

Ataca usando a força de outro (numa situação em que usar a própria força não é favorável). Convence um aliado a atacar o teu inimigo, suborna um deles para se tornar traidor ou usa a força do inimigo contra ele próprio.

4- Trocar o trabalho pelo lazer

É uma vantagem escolher o tempo e o lugar da batalha. Desta maneira saberás quando e onde a batalha vai decorrer, enquanto o teu inimigo não. Encoraja o teu inimigo a gastar a sua força em atividades fúteis enquanto conservas a tua energia. Quando ele estiver exausto e confuso, atacas com energia e propósito.

5- Saquear a casa em chamas

Quando um Estado está envolvido em conflitos internos, quando a doença e a fome dizimam a população, quando a corrupção e o crime estão em crescendo, então vai ser incapaz de lidar com uma ameaça externa. Essa é a hora de atacar.

6- Fazer um som no Leste e atacar no Oeste

Em qualquer batalha o elemento da surpresa pode proporcionar uma vantagem devastadora. Mesmo cara-a-cara com um inimigo, a surpresa pode ser usada, atacando onde ele menos espera. Para fazer isto, deves criar uma expectativa na mente do inimigo, através do uso de uma finta.

Capítulo 2 – Estratégias para lidar com o inimigo

7- Criar algo do nada


Usar a mesma finta duas vezes. Tendo reagido à primeira e provavelmente também à segunda, o inimigo vai hesitar em reagir à terceira finta. Então a terceira finta é o verdadeiro ataque que vai apanhar o teu inimigo com a guarda em baixo.

8- Esgueirar-se pela passagem de Chencang

Ataca o inimigo com duas forças convergentes. A primeira é o ataque direto, um que é óbvio e para o qual o inimigo vai preparar a defesa. O segundo é o indireto, o ataque sinistro que o inimigo não espera e que o faz dividir as suas forças à última hora levando-o à confusão e ao desastre.

9- Ver as árvores a arder do outro lado do rio

Atrasa a tua entrada no campo de batalha até todos os outros participantes estarem cansados de lutar uns contra os outros. Então entra com toda a força e apanha os pedaços.

10- Esconder uma faca atrás de um sorriso

Sê simpático e encanta o inimigo. Quando tiveres ganho a sua confiança, move-te contra ele em segredo.

11- Sacrificar a ameixeira para preservar o pessegueiro

Há circunstâncias em que deves sacrificar os objetivos de curto prazo de forma a atingir o alvo de longo prazo. Esta é a estratégia do bode expiatório em que alguém sofre as conseqüências para que todos os outros não o façam.

12- Aproveitar a oportunidade para roubar uma cabra

Enquanto fizeres os teus planos, sê suficientemente flexível para tirar vantagem de qualquer oportunidade que se apresente, por mais pequena que seja, e agarra-te a qualquer ganho, por mais pequeno que seja.

Capítulo 3 – Estratégias de ataque

13- Agita a cobra, batendo na relva à sua volta


Na preparação da batalha, não alertes o inimigo para as tuas intenções ou denuncies a tua estratégia prematuramente.

14- Pedir um cadáver emprestado para ressuscitar a alma
Pega numa instituição, numa tecnologia ou um método que tenha sido esquecido ou abandonado e apropria-te dele para teu uso. Faz reviver algo do passado dando-lhe um novo propósito ou reinterpretando-o para trazer à vida velhas idéias, costumes e tradições.

15- Engodar o tigre para que saia do seu covil na montanha

Nunca ataques diretamente um inimigo cuja vantagem deriva da sua posição. Em vez disso, leva-o para fora da posição vantajosa, separando-o assim da sua fonte de força.

16- Para capturar é preciso libertar

Presas encurraladas freqüentemente fazem um ataque final desesperado. Para evitar isto, deves fazer o inimigo acreditar que ainda tem uma hipótese de fuga. A sua determinação em lutar vai assim ficar reduzida pelo seu desejo de escapar. Quando no final, a liberdade se prova falsa, a moral do inimigo será derrotada e ele render-se-á sem luta.

17- Atirar um tijolo para apanhar uma pedra de jade

Prepara uma armadilha e leva o teu inimigo a ela usando um engodo. Na guerra, o engodo é a ilusão de uma oportunidade de vitória. Na vida o engodo é a ilusão da riqueza, do poder e do sexo.

18- Derrotar o inimigo capturando o seu chefe

Se o exército inimigo é forte mas está ligado ao comandante apenas por dinheiro ou ameaças, então faz do líder o teu alvo. Se o comandante cair, o resto do exército vai dispersar-se ou passar-se para o teu lado. Se, no entanto, eles estiverem ligados ao líder por lealdade, então tem cuidado, o exército poderá continuar a lutar depois da sua morte por vingança.

Capítulo 4 – Estratégias do caos

19- Retirar a lenha de debaixo da panela


Quando confrontado com um inimigo demasiado poderoso para combater diretamente, deves enfraquecê-lo primeiro, minando as suas fundações e atacando a sua fonte de poder.

20- Apanhar um peixe enquanto a água está turva

Antes de confrontares o teu inimigo, gera confusão para enfraquecer a sua percepção e julgamento. Faz qualquer coisa invulgar, estranha e inesperada pois isso vai levantar a suspeita do inimigo e perturbar o seu pensamento. Um inimigo distraído é mais vulnerável.

21- Remover a carapaça da cigarra

Quando estiveres em perigo de ser derrotado e a tua única hipótese é fugir e reagrupar, então cria uma ilusão. Enquanto o inimigo está focado nesse artifício, então secretamente remove os teus homens, deixando para trás apenas a ilusão da tua presença.

22- Fechar a porta para apanhar o ladrão

Se tiveres uma possibilidade de capturar completamente o inimigo, então deves fazê-lo para levar a batalha ou a guerra a um final rápido e duradouro. Permitir que o inimigo escape é plantar as sementes para conflitos futuros. Mas se ele conseguir escapar, tem cuidado ao persegui-lo.

23- Amigar-se de um Estado distante enquanto se ataca um vizinho

È sabido que nações vizinhas se tornam inimigas enquanto que nações distantes dão melhores aliados. Quando és o mais forte num campo, a tua maior ameaça é o segundo mais forte nesse campo, não é o mais forte de um campo diferente.

24- Obter salvo-conduto para conquistar o Estado de Guo

Usa os recursos de um aliado para atacar um inimigo comum. Assim que o inimigo estiver derrotado, usa esses recursos contra o aliado que te os emprestou em primeiro lugar.

Capítulo 5 – Estratégias de proximidade

25- Trocar as vigas por madeiras podres

Baralha as formações do inimigo, interfere com os seus modos de operar, muda as regras que ele está habituado a seguir, segue ao contrário do seu treino habitual. Desta maneira retirarás os pilares que o sustentam, o elo comum que faz de um grupo de homens uma força de combate eficiente.

26- Apontar para a amoreira enquanto se amaldiçoa a acácia

Para disciplinar, controlar ou avisar outros, cujo status ou posição os exclui da confrontação direta, usa a analogia e a insinuação. Sem nomear nomes diretamente os acusados não podem retaliar sem revelar a sua cumplicidade.

27- Fazer-se passar por parvo

Esconde-te atrás da máscara de um louco, um bêbado ou um parvo para gerar a confusão acerca das tuas intenções e motivações. Leva o teu oponente a subestimar as tuas capacidades até que o excesso de confiança o faça baixar a guarda. Então, podes atacar.

28- Remover a escada quando o inimigo chegar ao telhado

Com engodos e enganos leva o teu inimigo até um terreno traiçoeiro. Então, corta-lhe as linhas de comunicação e as rotas de fuga. Para se salvar ele terá de lutar contra ti e contra as forças da natureza.

29- Decorar a árvore com flores falsas

Atar flores de amoreira a uma árvore morta cria a ilusão de que a árvore é saudável. Através do uso do artifício e do disfarce faz uma coisa sem valor parecer valiosa, sem perigo parecer ameaçadora e sem uso parecer útil.

30- Fazer o anfitrião e o convidado trocar de papel

Derrota o inimigo a partir de dentro, infiltrando o seu campo sob pretexto de cooperação, rendição ou tratados de paz. Desta forma consegues descobrir as suas fraquezas e depois, quando o inimigo estiver relaxado, ataca diretamente a fonte da sua força.

Capítulo 6 – Estratégias de derrota

31- A armadilha do mel

Manda mulheres lindas ao teu inimigo para causar a discórdia no seu campo. Esta estratégia pode funcionar em três níveis. Primeiro, o governante fica tão enamorado da beleza que negligencia os seus deveres e desvanece a sua vigilância, Segundo, outros machos na corte vão começar a exibir um comportamento agressivo que inflama diferenças menores reduzindo a cooperação e minando a moral. Terceiro, outras fêmeas na corte, motivadas pela inveja e ciúme, começam a planear intrigas agravando ainda mais a situação.

32- A táctica do forte vazio

Quando o inimigo é superior numericamente e a tua situação é tal que esperas ser derrotado a qualquer momento, então abandona qualquer aparência de preparação militar e age casualmente. A não ser que o inimigo tenha uma descrição precisa da tua situação, esse comportamento anormal vai-lhe despertar suspeitas. Com sorte, será dissuadido de atacar.

33- Fazer os espiões do inimigo semear a discórdia no seu próprio campo

Mina a capacidade de o teu inimigo lutar provocando a discórdia entre ele e os seus amigos, aliados, conselheiros, família, comandantes, soldados e população. Enquanto ele estiver ocupado a resolver disputas internas, a sua capacidade de atacar ou de se defender, está comprometida.

34- Ferir-se a si próprio para ganhar a confiança do inimigo

Fingir-se ferido tem duas aplicações possíveis. Na primeira, o inimigo é levado a relaxar a sua guarda, uma vez que já não te considera uma ameaça eminente. A segunda é uma maneira de te insinuares junto do teu inimigo, fingindo que a ferida foi provocada por um inimigo comum.

35- Uma corrente de estratégias

Em matérias importantes deve-se usar uma corrente de estratégias aplicadas simultaneamente e conseqüentemente umas às outras, como uma corrente de estratégias. Manter diversos planos em funcionamento num esquema geral, no entanto, se uma destas estratégias falhar, a corrente quebra e todo o esquema falhará.


36- Se tudo o resto falhar, retirar

Se se tornar óbvio que o teu atual plano de ação vai levar a uma derrota, então retira e reagrupa. Quando o teu lado está a perder só há três escolhas possíveis: render-se, entrar em compromisso ou fugir. A rendição é a derrota completa, o compromisso é meia derrota, mas a fuga não é derrota. Enquanto não fores derrotado, ainda tens uma hipótese.

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