terça-feira, 10 de junho de 2008

Batalha de Austerlitz

Contexto histórico

Napoleão tentara atacar a Inglaterra na Campanha da Bolonha, mas com a entrada da Áustria e a Rússia na guerra contra a França, o imperador francês foi forçado a abandonar o ataque às Ilhas Britânicas em prol de uma campanha contra a Áustria.


Antecedentes histórico
Em 1804, Napoleão acreditava que a paz definitiva na Europa só seria possível com a neutralização da capacidade militar do Reino Unido. Este contexto, contudo, pareceria impossível naquele momento diante da superioridade da marinha britânica. Assim, ele concebe, com o Almirante Louis René Levassor de Latouche-Tréville, um ousado plano diversional: concentrar momentaneamente o maior número de navios possível no Canal da Mancha, evitando que os ingleses fizessem o mesmo. Para tanto, a esquadra franco-espanhola sairia do Mediterrâneo, atraindo os ingleses até às Antilhas e regressaria rapidamente, unindo-se às esquadras de Brest e Rochefort, que avançariam para a Mancha. Nessa altura concretizar-se-ia a invasão. Latouche-Treville falece antes de tentar executar este estratagema e Napoleão o confia ao Almirante Villeneuve (a primeira parte do plano transcorre como previsto, mas Villeneuve será surpreendido em Trafalgar, no sul da Espanha, e a frota imperial será aniquilada).

Napoleão mantém seu "Grande Exército" estacionado nas cercanias de Boulogne, preparado para invadir a Grã-Bretanha, à espera da esquadra de Villeneuve. Enquanto aguardam, as tropas são treinadas e recebem freqüentes visitas do Imperador, para manter elevado seu moral. Em meados de agosto, Napoleão recebe a notícia de que a esquadra de Villeneuve atrasara-se e de que há movimentação na Europa central, onde as tropas russas avançam para se unir às austríacas. Os prussianos e o napolitanos, a soldo dos ingleses, também parecem dispostos a se unir contra a França.


Ulm

Napoleão desiste de invadir a Inglaterra e parte para enfrentar os austríacos e russos. Assim, em menos de 20 dias, Napoleão levou seu imenso exército em marcha acelerada de uma ponta a outra da Europa.

O exército austríaco, sob o comando de Mack, compreende 80.000 homens e acha-se colocado no alto Danúbio, à volta de Ulm, no Wurtenberg, perto da fronteira com a Baviera, esperando que Napoleão atravessasse a Floresta Negra.

Contudo o Imperador contorna os austríacos mais ao norte e arremete para o sul, colocando o grosso do seu exército entre Ulm e Viena e cortando a retirada a Mack.

Este pode escapar enquanto a manobra não se completa, mas é iludido por Karl Schulmeister, alemão a serviço dos franceses, que se infiltrou no Estado-maior austríaco à custa de fornecer (com a permissão de Napoleão) informações corretas sobre o dispositivo francês.

Schulmeister leva Mack a acreditar na ocorrência de um levante em Paris contra Napoleão, que seria obrigado a retirar suas tropas para voltar à capital. Como Mack duvida, Napoleão manda imprimir (no próprio acampamento) um número falsificado de uma gazeta de Paris que traz notícias desta revolução imaginária. Sentindo-se seguro, Mack permanece em Ulm até ser completamente cercado pelos franceses.

Os marechais de Napoleão aconselham-no a bombardear a cidade, mas o Imperador sabe que este banho se sangue seria desnecessário; efetivamente, intimado a render-se, Mack capitula com todo o seu armamento em 20 de outubro de 1805.

O resultado da batalha foi (mais) uma prova do brilhantismo de Napoleão: apenas 5.980 baixas (mortos ou feridos) do lado francês, contra 12.000 baixas austríacas e 30.000 prisioneiros; consta que outros 30.000 escaparam, mas, destes, 10.000 foram mais tarde feridos ou mortos e o resto capturado.


Antecedentes da Batalha de Austerlitz
A Áustria mantinha na Itália um exército de 90.000 homens, comandados pelo Arquiduque Carlos, mas ele se encontra em xeque pelo Marechal Massena, à frente de 50.000 soldados. Napoleão avança à toda pressa sobre Viena, que ocupa sem resistência. Mais a leste, em Olmutz, o exército do Czar Alexandre (com 75.000 homens) reúne-se ao remanescente do exército do Imperador Francisco II (18.000 homens). Napoleão dispõe de 75.000 homens (mais 7.000 soldados de Davout, que aguardam em Viena), mas o verdadeiro perigo está na possibilidade de a Prússia decidir-se a entrar na guerra contra a França, o que poderia mais que duplicar aqueles efetivos. O Imperador tem urgência em terminar a campanha antes que isto aconteça e, para tanto, encena uma pequena comédia: propositadamente, deixa vulnerável o flanco direito de seu exército e envia emissários propondo a paz ao imperador russo e ao austríaco.

A pedido de Napoleão, o Czar envia um plenipotenciário impondo condições humilhantes à França; Napoleão finge estudar tal proposta, hesita, suspira, e termina por repudiá-la fingindo-se desesperado, mas disposto a vender caro sua derrota. O emissário russo cai como um pato e tranqüiliza o estado-maior austro-russo, que adota o "plano Weyrother": uma movimentação principal de encontro ao fragilizado flanco direito francês e ataques diversionários ao flanco esquerdo francês.

Em 2 de dezembro de 1805, ou seja, no primeiro aniversário da coroação de Napoleão, a planície de Austerlitz (hoje Slavkov, na República Checa) será o palco da Batalha do Três Imperadores (da França, da Rússia e da Áustria – embora este último não estivesse realmente presente no local). É inverno e os lagos da região estão congelados.

A batalha

O norte do campo de batalha é dominada pelos montes Santon (210 m de altura) e Zuran (260 m); neste, encontra-se Napoleão no começo da refrega. No centro da planície, ergue-se o outeiro de Pratzen, com cerca de 12 metros de altura e encostas suaves. Napoleão ocupa e abandona este outeiro antes da batalha, como uma isca. Ele imagina que seus inimigos, ao enviar o grosso de sua tropa para envolver-lhe o flanco direito, estarão enfraquecendo o próprio centro, onde pretende atacar. Para ajudar a defender seu débil flanco direito, ordena a Davout que venha em passo forçado de Viena (os soldados de Davout cobrirão 110 km em 48 horas e serão fundamentais para o desenlace da batalha).

A batalha começa às oito horas e, como previsto, as tropas russas atacam o flanco direito francês, mas sem sucesso: seus ataques são mal coordenados e os franceses ou mantém suas posições ou as recuperam, quando perdidas. Começam a chegar os primeiros homens de Davout. Por volta das nove horas, o Imperador ordena a Nicolas Jean de Dieu Soult que tome o outeiro de Pratzen, comentando: "um sopro mais forte e esta guerra acaba". Saint-Hilaire e Vandamme, comandantes de Soult, encarregam-se do ataque. Saint-Hilaire avança sobre o outeiro, coberto por uma espessa névoa que é dissipada de repente por um sol incomumente brilhante (o lendário "Sol de Austerlitz"). Os russos que ocupavam Pratzen são surpreendidos pelo avanço francês e recuam depois de uma hora de luta feroz. Um pouco ao norte, Vandamme prossegue na investida.

Napoleão desloca-se de Zuran para Pratzen e manda reforçar o ataque de Vandamme. Os russos ainda reagem, mas são afastados pela cavalaria pesada de Napoleão. Por volta das catorze horas, o exército austro-russo encontra-se dividido em dois, como pretendia Napoleão. Daí em diante, ao norte, apesar da bravura dos russos, uma bem-coordenada série de ataques franceses conseguiu impor a superioridade napoleônica.

O foco de Napoleão desloca-se para o sul: a divisão de St. Hilaire e parte do III Corpo de Davout levam o pânico às tropas inimigas que lá se encontram. Os soldados russos tentam fugir atravessando o lago de Satschan, que é alvejado pela artilharia de Napoleão. O gelo se parte e um número incerto de russos (algo entre 200 e 2.000 homens) morre afogado.

Embora as estatísticas sejam pouco precisas, estima-se que tenha havido, entre os franceses, 1.288 mortos e 6.993 feridos, com perda de uma única bandeira; do lado oposto, 16.000 mortos, 11.000 prisioneiros, com perda de 185 canhões e 45 bandeiras. Para alguns, esta batalha é comparável à de Cannae, em que Aníbal Barca venceu os romanos. Finda a batalha, chega um enviado do Rei da Prússia, levando a declaração de guerra à França. Diante da vitória do Imperador, deixa a declaração no bolso e felicita-o efusivamente.


Consequências da Batalha

Em 26 de dezembro de 1805 Áustria e França assinam o tratado de Presburgo (Bratislava), pelo qual a Áustria reconhece o território francês definido pelos tratados do Campo Formio (1797) e Lunéville (1801); cede também territórios, a Baviera, Wurttemberg e Baden, que eram aliados alemães de Napoleão, e concorda em pagar 40 milhão de francos como indenização de guerra. Veneza é entregue ao reino da Itália.

Em 12 de julho de 1806, 16 Estados alemães deixam o Sacro Império Romano-Germânico e assinam o Rheinbundakte - o Tratado da Confederação do Reno, cujo protetor é Napoleão. Em 6 de agosto, cedendo a um ultimato de Napoleão, Francisco II declara extinto o Sacro Império, embora mantenha o título de Imperador. Nos anos seguintes, 23 outros Estados alemães irão se juntar à Confederação, permancendo fora apenas a Áustria, a Prússia, o Holstein dinamarquês e a Pomerânia sueca (a região da Alsácia-Lorena já era parte da França).

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